sábado, 11 de agosto de 2007

A fome é negra...

Quando o tempo é curto para almoçar, e estamos numa cidade desconhecida, nada melhor do que recorrer aos primeiros fast-foods que estiverem à mão de semear para aconchegar, minimamente, o estômago!
Foi assim que, em Bergen, dei comigo a comer duas grandes salsichas de carne de rena, estacionadas em dois pequenos pães de leite, besuntadas com ketchup (sabor universal) e regadas com uma fresquinha lata de cerveja heineken(holandesa).
Para apreciar este delicioso repasto, sentei-me num banco circular, em ferro, que circundava uma árvore e que por sua vez fazia parte do passeio de uma larga e frondosa rua.
Estava eu, entretido a equilibrar aquelas preciosas iguarias na mão esquerda, quando um escanzelado mas destemido pardal norueguês, pousa perto de mim saltitando, piando, olhando-me nervosamente de lado!
Chamou-me a sua atenção!
Pergunto-lhe eu, em português, com a boca meia atafulhada, o que queres pá? E, salta-me da boca um perdigoto avantajado. O pardal, glup, chamou-lhe um figo!
Pedi-lhe desculpa e, timidamente pego num bocadito de pão, atiro-lhe e glup! Nem hesitou (e vão dois figos)! Começou a aproximar-se mais, saltitando à minha frente , olhando sempre para o pão . Eu, atiro-lhe mais uma amostra, mas desta vez pega nele pelo bico e levanta voo para o beiral da casa mais próxima!
Pronto, tinha feito a minha boa acção do dia!
Respiro fundo e mais uma abocanhadela... nas salsichas!
Ainda não tinha dado aos dentes e já o artista acompanhado da sua cara metade ou vice-versa, começam a mesma lenga-lenga e eu, condescendente, pronto, lá foram mais dois pedacitos de pão.
Entre o vai e vem ao beiral, começaram outros pardais esfomeados a aparecer e é que nem esperavam pela migalha cair no chão, era em pleno ar que se degladiavam pela guloseima!
Quando começei a contá-los eram perto de uma dúzia que lutavam pela vida!
Estavam mesmo esfomeados!
Só me deixaram quando o pão se acabou!
Ainda tentei a carne de rena mas eles responderam que não eram necrófagos!
Comi, finalmente, o resto das salsichas já esfriadas, pelo meio dos meus dedos lambuzados de ketchup!
Estrategicamente não lhes ofereci...a cervejola!
É que não sou santo, porra!

Um comentário:

Lurdes Pereira disse...

Por detrás desse ar de rapaz durão, és um coração de manteiga!
Que gira essa dança dos pardalitos...