sexta-feira, 9 de maio de 2014

No que eu me meti




Adotar um cachorro, foi algo que não estava nos meus horizontes. 
O destino, por vezes, prega-nos umas lindas partidas. Não há dúvida, que a minha diária distribuição  do tempo levou uma grande reviravolta. A obrigatoriedade de ter que levar o senhor Blakkk, a passear todos os dias, quer chova quer faça sol, de preferência sempre às mesmas horas, fez de mim um trabalhador por conta de outrem, quase a tempo inteiro. Ora eu, agora reformado, tinha pensado que   horários do que quer que fosse, poderiam ter finalmente, uma folga infinita. Puro engano. 
Gosto de ser pontual mas detesto a obrigatoriedade de horários.
Porém, os olhos em bico, de pedinte silencioso, deste companheirão que nada pede mas que o seu olhar e postura o exige, faz de mim um relógio suíço, com cu-cu e tudo. 
As longas caminhadas que faço com ele, levam-me a abstrair de tudo o mais que me rodeia.  Toda a minha atenção fica direcionada para as suas atividades, apreciá-las e  tentar compreendê-las. Esta parte, para mim, é fascinante. Os pormenores da sua atitude e procura de soluções perante os problemas/obstáculos que se lhe vão deparando no seu/nosso dia a dia, fazem-me ir vendo o quanto nós, Humanos, nos apropriamos deste Planeta  subjugando todas as outras espécies.
Cruelmente fascinante será a vida que espera este inocente vira-latas, ao ter de viver no bulício desta cidade.