Pode ter acontecido, acontecer ou vir a acontecer

*Um dia, um homem cansado da vida de casado disse que ia ali à esquina
comprar cigarros e desapareceu.

Não é força de expressão ou sentido figurado, ele disse exactamente isto:
- Vou ali à esquina comprar cigarros e já volto.

Ficou dez anos desaparecido.*
*Há algum tempo, reapareceu. Bateu à porta, a mulher foi abrir, e lá estava ele.

Dez anos mais velho, quieto, sem dizer uma palavra. A mulher despejou toda a
revolta para cima dele:

- Seu isto! Seu aquilo! Então dizes que vais à esquina comprar cigarros e
desapareces? Abandonas-me, abandonas as crianças, ficas dez anos sem dar
notícias, fazes-me criar os miúdos sozinha e ainda tens o desplante, o
acinte, a coragem de reaparecer deste jeito? Pois vais pagar-me. Fica
sabendo que vais ouvir poucas e boas. Eu nunca te vou perdoar . Estás a
ouvir? Nunca! Entra, mas prepara-te para... *blá blá blá blá...

*Nisto, o homem dá uma palmada na testa e diz: *
-  Eh, pá! Esqueci-me dos fósforos! Já volto !*

COMESAINAS

Feira em Cáceres tipo ar medievalesco, como se vê nos trajes dos escravos do trabalho e tendas. A comida, muito variada e com boa cara, parecia...divinal! 

Nada como umas boas tendas de comes e bebes para tudo se tornar... mais aconchegante. 

Até os cães tiveram direito a lamber uns bons ossos de cerdo.

O guia R 2

Bem educado, bem falante, acessível no trato, ar de meio ausente por vezes, possuidor de um QI, penso que superior à média convencional mas, ainda pouco preparado para comandar um grupo de intrépidos exploradores já entradotes na idade mas não no espírito e, principalmente pouco conhecedor do percurso que iria fazer. É assim que defino o R 2, guia que me saiu na rifa desta saída a terras principalmente espanholas( Mérida, Cáceres, Guadalupe e Trojillo), mas também portuguesas( Elvas) e até a terras de um mas presentemente na posse de outro (Olivença).

Estava previsto sermos recolhidos no Porto(12 nortistas) às 7 da manhã(tempo fresquinho mas enchuto) pelo guia R 2, numa caminheta da empresa de viagens, rumo a Lisboa(3 sulistas) com passagem por Coimbra(15 centristas). Apareceu 40 minutos depois da hora prevista, dando a desculpa de ter tido um acidente de carro que por acaso não era seu mas sim de um primo porque o seu tinha ficado com esse familiar para o levar à revisão/inspeção. Só tinha sido chapa amolgada, pára-choques torcido e nada de mazelas físicas. Não tinha tido culpa naquele embate matinal. Acabou por aparecer no lugar do embarque, no seu carro que, entretanto, já não tinha ido para a revisão e lhe tinha sido trazido, ao local do dito acidente, pelo dito primo, o tal que tinha ficado com o seu e lhe tinha cedido o dele e que ficou danificado no embate. Tudo... percebido, ou não?!

O seu telemóvel esteve incontactável(?) durante todo aquele tempo! 

Impensável(intragável), para alguém que deve estar sempre "on line" com a empresa. 

Aquela cara, ensonada, ainda meia assarapantada, deixou-me desde logo muito desconfiado. Se ele tivesse mostrado fotografias do acidente eu teria QUASE acreditado, assim... vai lá vai, até a barraca abana! Foi vítima isso sim, PARA MIM, de um sono retemperador/regenerador,  numa noite agitada de despedida familiar.
A tremideira que mostrou,  ao tentar localizar e levar-nos a alguns dos monumentos a visitar foi notória. Num dos finais de dia, acabou mesmo por nos pôr a andar à deriva, durante uns bons minutos, já a noitinha e o frio nos acariciavam, à procura do sítio onde tinha marcado encontro com o nosso autocarro. Foi no mínimo caricata, essa situação. Até o nosso condutor(esse sim 5 estrelas) veio, à boleia num outro autocarro, à procura de todos nós. Entretanto, quando fez a contagem do grupo, notou que faltavam pessoas.Tinham-se perdido do grupo três pessoas que afinal já tinham chegado antes de nós ao local estabelecido da recolha. Enfim, uma grande confusão!
A hesitação na marcação de hora e tempo no despertar no hotel (na primeira noite  ATÉ não houve despertar), deu-me a entender que ainda estava um pouco verde naquelas funções. Mas reconheço nele, potencialidades para vir a ser um bom guia... futuramente. OXALÁ!

OLIVENZA ... FOR EVER ?

Olivença, assim chamada durante cinco séculos e agora Olivenza, de há  dois séculos a esta parte, continua impávida e serena na sua labuta diária tendo conservado algo  português (igrejas, muralhas, frontarias de casas e ruas com calçada típica portuguesa) mas tudo cada vez mais do passado e agora convictamente espanholada. 

Tento não ser politiqueiro nem entrar em politiquices, Por vezes, porém, a tentação é grande e torna-se  difícil não o ser. Da mesma maneira, procuro não me meter nas crenças religiosas, principalmente, de quem (ainda) as tem. Para os espanhóis, este caso de Olivença, politicamente falando, está morto e enterrado há dois séculos. De nada valerá os cinco séculos passados com presença portuguesa. Não sei por quanto tempo ao certo(mais de quinhentos anos) os mouros por lá andaram e criaram raízes mas, por certo, também quererão reivindicar territórios que já foram por si ocupados. Assim como assim, "VAMOS PENTEAR MACACOS"...