domingo, 30 de agosto de 2015

O Volvo "marreca"


O volvo "marreca" foi o primeiro carro que o meu pai comprou (em segunda ou terceira mão). Experiência e gosto por condução era pouca mas, lá se desenrascava. Teve mais dois carros durante esta sua vida terrena e o que é certo é que nunca bateu. Mas este volvo parecia um couraçado. A sua chapa era puro aço, o motor era potente e QUASE nunca nos deixou ficar mal. Foi o nosso burrinho de carga, muitas vezes, para a nossa aldeia em Trás-os-Montes e volta. Não havendo IP4 ou auto-estradas, era viajar pelas regionais e nacionais, atravessando muitas localidades e cidades. Uma das que tínhamos que atravessar era Amarante, caracterizada por ter uma descida ou subida, conforme o sentido do percurso, bastante acentuada em paralelepípedo, onde se situava a maioria dos restaurantes e confeitarias. Numa dada viagem de regresso, carregado com quatro pessoas, dois cães, peru para o natal, frangos, coelhos, mais uns sacos de batatas, cebolas, couves, cabaças, garrafões de vinho e as "insignificantes" malas pessoais, de cartão,  de nós os quatro(do meu pai, mãe, avó e minha), teve de parar nessa subida, uma vez que, já nessa altura, havia por vezes fila, com o pára arranca do costume. Só que, dessa vez, quando o meu pai tentava arrancar, ele plissava e descaía. O motor era potente mas, com todo aquele peso,  os seus pneus que já não deviam ser novos, naqueles cubos de granito  já bastante polidos, não conseguiam arrancar. Tivemos de pedir ajuda a uns ou quatro ou cinco homens, de boa vontade, que por ali passeavam, para lhe dar um valente empurrão até ele avançar. Foi ver a atrapalhação do meu pai, mãe e avó mais as dos condutores dos carros que estavam atrás de nós e que tiveram que ir recuando para não serem empurrados rua abaixo.
O meu pai, prometeu que nunca mais carregava o carro assim. Cumpriu... até à próxima viagem de regresso da nossa aldeola transmontana, no ano seguinte. O carregamento total era inevitável de tantas ofertas e boas vontades que aquelas gentes, de outrora, faziam questão de nos presentear. Presentemente, comigo, como a boa vontade das pessoas continua,  os carregamentos... continuam também. 
Na altura era pura aventura e adrenalina a rodos.
Agora...também.   

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