domingo, 26 de julho de 2015

Haja pachorra



Quando se viaja em grupo acontecem, por vezes, casos caricatos.
A semana passada fui à descoberta das Irlandas(república da Irlanda e Irlanda do norte).
O trajeto começou no Porto, de autocarro até Lisboa e depois de avião até Dublin. 
Juntaram-se ao grupo nortista mais pessoas em Lisboa. Formamos um grupo de 48 viajantes.
O guia da agência, português, de seu nome Valente, chamou a atenção, logo no início da viagem, para verificarem se todos levavam o B.I., cartão do cidadão ou passaporte. Avisar avisou mas...quando estávamos a fazer o check-in no aeroporto, deu-se o primeiro caso de esquecimento. Uma senhora, que já vinha desde o norte, verificou só ali que não tinha qualquer identificação consigo. Resultado, ela mais o marido(por caridade) tiveram de ficar em Lisboa à espera que uma sua filha lhe enviasse, via expresso, o seu cartão de cidadã. Juntaram-se ao grupo já em Dublin, no dia seguinte. A estadia em hotel e marcação de outro voo  não deve ter ficado barato. 
O guia, mais uma vez, alertou todo o grupo, para terem muito cuidado com as carteiras e principalmente com os documentos. Um cavalheiro, passados uns dias, ao pagar as suas bebidas consumidas ao almoço num restaurante, deixou esquecida em cima da mesa a sua carteira. Só se apercebeu ao jantar, já noutra cidade que lhe faltava o "pilim", para pagar as bebidas e que, possivelmente, a tinha deixado no outro restaurante. O guia,solicito, telefonou para o restaurante e de lá disseram que só às sete da manhã, hora de entrada, das funcionárias do dia anterior, é que saberiam se alguma delas tinha encontrado a dita carteira. E não é que não só a guardaram como não tinha desaparecido sequer um cêntimo? Claro que o guia mais o condutor do nosso autocarro, tiveram de fazer horas noturnas extra para lá a irem buscar. Nesse dia, o guia baralhou-se várias vezes com os nomes de autores e personagens importantes das regiões por onde íamos passando, tal fraco tinha sido o seu descanso(e do condutor). Mas foi perdoado.
Por fim, no jantar da nossa última ceia, avisou, mais uma vez, para todos terem redobrada atenção para não deixarem ficar nada nos quartos. De manhã, já todos no autocarro, preparados para arrancar para o aeroporto, uma senhora, depois de rebuscar toda a sua carteira, deu por falta da preciosa máquina fotográfica. Lá foi ela mais o guia, procurar a dita por todo o lado onde tinha andado e tomado o pequeno almoço mas nada de a encontrar. Resolveram, finalmente, ir até ao seu antigo quarto e lá a encontraram caída no chão, junto à cama.
Ser guia turístico não é fácil, não.   

Um comentário:

AAlmeida disse...

bravo amigo Lino:
Verifico que a agência de viagens se dedica agora a grupos "letes" (Rio Lima em Ponte de Lima) Este rio na época romana foi conhecido pelo rio Letes ou rio do esquecimento.
Coitado do guia que, de Valente, só se foram as valentes chatices que aturou.
Parabéns por mais esta original prosa cheia de humor.