quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ser dono do meu tempo





Agora, na condição de professor reformado, posso-me dar ao luxo de poder apreciar, saborear, ver com mais atenção, as potencialidades turisticas que me rodeiam.
Adoro percorrer a pé, do lado de Gaia, a margem do rio Douro, desde a ponte D.Luís I até à Afurada(e volta). É um esticãozinho para as pernas, mas um bálsamo para os olhos e alma(para quem a tem).
Adoro ver umas aves (mergulhões?) apanharem a sua dose diária de peixe, através dos seus mergulhos. O seu tempo de emersão(já  cronometrei) é bastante considerável e a distância percorrida, por vezes, é enorme. Chego a perdê-los do meu campo de visão. 
As gaivotas, de várias espécies, fazendo os seus voos de reconhecimento, sempre atentas a algo comestível, com  os seus sons e gestos que podem ser agressivos mas também meigos e doces  eram algo que não tinha tempo para apreciar.
O corropio, dos barcos turísticos, para cima e para baixo das pontes, no rio, são também alvo da minha predisposição temporal. Apreciar a azáfama dos vendedores de bilhetes, para os passeios de barco, à fauna turística, trabalho a exigir constante atenção, observação e constatação de potenciais interessados nos seus serviços, acaba por ser um ponto de interesse, por mim, a explorar.  
Até o pintor, alvo central da minha fotografia acima exibida, tem direito a um tempo extra de observação, apreciação e interesse. 
E  as caves de vinho do Porto, os restaurantes, bares, esplanadas, mercado abastecedor, vendedores ambulantes, trânsito automóvel e vigilância policial? E o subir e descer dos aparelhos semi-automáticos para admissão ou interdição nalgumas ruas e ruelas da zona, mais as câmaras de vigilância, cada vez mais usadas e abusadas?
E o teleférico, obra imponente, bonito de ver, com as suas células sempre em movimento,  caro na sua construção e utilização e (quase)sempre vazio. Um melhoramento turístico e paisagístico que não foi construído para servir  a população gaiense mas para se servir da população gaiense.
Tantas observações provenientes do tempo necessário para observar e, com  tempo, absorver!
Agora, na condição de professor reformado, sou finalmente, dono do meu tempo.
  

Um comentário:

Lurdes Pereira disse...

Mas que bem! O meu amigo Kruz em tranquilas crónicas sobre o quotidiano de um professor na reforma, mas nunca (con)formado com o que vê! Continuas com o teu olhar astuto e um humor peculiar, que aparece, quantas vezes, para ocultar a sensibilidade tímida de quem sente intensamente, mas não gosta de ser apanhado... É bom reencontrar-te e perceber o bem que saboreias o tempo! Um beijo, desta serva do Crato, ainda longe da reforma.