quarta-feira, 6 de junho de 2018

Noddi , um cão aciganado

 Já se passaram cinco anos desde  que vi e conheci pela primeira vez este cão. Meio vadio, meio cigano,  comecei-o a tratar pelo nome de Noddi e assim ficou.
Juram a pés juntos, alguns residentes da aldeia, que já o viram a vaguear, amiudadas vezes, pelas aldeias limítrofes, algumas delas já a bastantes dezenas de quilómetros. Mas volta sempre aqui,  se calhar à minha espera. Sempre que volto ao Pereiro não me larga mais, quer chova quer faça sol. Entra, todo afiambrado, pela casa adentro, que esteve fechada durante  os vários meses de invernia e vai direitinho ao seu lugar costumeiro, dos outros anos, de descanso e dormida. Espera pacientemente pela sua refeição e a partir daí não me larga mais... durante o dia, porque, quando se aproxima a noite, depois de um último repasto frugal, costuma ir dar a sua escapadela noturna(?) reaparecendo, normalmente, só a meio da noite.  Por vezes até se ausenta alguns dias. Como tenho sempre a porta entre-aberta, entra  subrepticiamente e vai-se deitar, procurando descansar um pouco, mas sempre de atalaia ao meu toque de levantar para me acompanhar, por vezes todo ensonado,  nas minhas caminhadas. Quem resmunga, sempre um bocado, por ter sido perturbado no seu sono, é o Black, o meu cão citadino, que deve ficar perplexo com o descaramento do entra e sai daquele ainda seu primo afastado, pois, não nos podemos esquecer que são ambos  descendentes do antepassado canis lupus signatus(lobo-ibérico). Mas tudo numa boa. O pior é a despedida. Quando regresso à selva citadina fica a ver, no meio da estrada, o meu carro a desaparecer no horizonte, esperando pacientemente que um dia nos reencontremos. Tem sido assim, já lá vão cinco longos anos com as suas cinco longas invernias.



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